quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Um caso de viajante

Rolando Boldrin


Ninguém conhece e conta mais piadas do que os viajantes, aqueles representantes de empresas que saem pelo interior do Brasil, fazendo suas visitas aos clientes e renovando seus pedidos. Como passam por muitos lugares e convivem com muita gente, é bem explicável o carroção de histórias engraçadas que eles passam a contar.

Essa gente maravilhosa deixa suas famílias para trabalhar viajando por este País grande e, pra empurrar a vida, tem de aprender histórias engraçadas para repassá-las adiante.

Conheci um viajante japonês que era um verdadeiro artista na arte de contar piadas e fazer imitações. Tem uma história dele que quero contar agora.

Um viajante, seguindo por uma estrada, tenta localizar uma pousada, pois já passava da meia-noite. Sem encontrar uma casa especializada, arrisca pedir pouso na casa de um caipira que já ia para o quinto sono.

Viajante [bate na janela da casinha]:

- Ô de casa? O senhor poderia deixar eu dormir esta noite em sua casa? Eu pago bem. Não consigo nenhuma pensão por esta estrada.

Caipira [de dentro da casa, meio sonolento]:

– O sinhô por acaso trouxe cobertô?

Viajante:

– Não, senhor. Não tenho cobertor comigo, não.

Caipira:

– O sinhô por acaso trouxe lençór?

Viajante:

– Claro que não, meu amigo. Estou viajando apenas a trabalho.

Caipira:

– O sinhô trouxe então trabicêro?

Viajante:

– Meu senhor, por favor, eu preciso de uma noite de sono e não trouxe nada disso que o senhor está falando.

Caipira [na bucha]:

– Qué dizê que de drumí o sinhô só trouxe os óio, né?


Nenhum comentário:

Postar um comentário