quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Lendas e Mitos

 Típicos das cinco regiões brasileiras

Influências de negros, indígenas e portuguesas só poderiam criar lendas e mitos riquíssimos como o do boto, da cuca, do curupira e outros mais. 

Giovanna Fontenelle* 

Os cinco cantos do país guardam muitos mistérios. A mata amazônica é perfeita para esconder segredos sob as sombras das folhas e troncos de suas árvores. Já o sertão nordestino é árido o suficiente para acobertar um dragão! Um país tão diversificado na cultura, com influências negras, indígenas e portuguesas por toda a parte, só poderia criar lendas e mitos riquíssimos. Aqui vão algumas das pérolas mais famosas do folclore brasileiro em cada região do país: 

Região Norte: Boto

Ao cair da noite, um homem muito belo se levanta das águas de um rio vestido inteiramente de branco. Ele é o boto, um formoso conquistador de jovens mulheres. Seu look é completado é por um chapéu branco para disfarçar seu nariz grande – única coisa que confessa o contorno do seu corpo original. Seu charme e elegância são tamanhos que ele enlouquece todas as meninas da região em noites de festa junina, se transformando no mais requisitado homem da festividade. Ele atrai uma bela donzela desacompanhada, a leva para o fundo do rio e, ali, a engravida. Na manhã seguinte, volta a sua real natureza. Acredita-se que esta fábula era utilizada por mães solteiras para disfarçar sua situação que, em épocas passadas, era considerada degradante. A expressão “filho de boto” vem dessa história. 

Região Nordeste: Cuca

Quando se pensa em Cuca, logo se lembra da personagem de Monteiro Lobato. Mas, apesar do autor morar no interior de São Paulo, a lenda da bruxa tem origens nordestinas e portuguesas. A Cuca foi inspirada em um dragão de lendas lusitanas, o coca. Com a colonização, a história se transformou no mito de uma velha muito feia, com feições de jacaré, que saia pelas ruas roubando as crianças malcriadas. A fábula era usada principalmente para fazer os menores dormirem. A frase “a cuca vem pegar” faz parte do imaginário e da tradicional musiquinha “nana neném”. 

Região Centro-Oeste: Romãozinho

Crianças levadas são um tema muito recorrente entre as lendas brasileiras. Isso porque a maior parte desses mitos eram usados para fazer as crianças desobedientes tremerem na base! Uma das mais conhecidas para as crianças do centro do Brasil é a lenda do Romãozinho. Nela, um menino fica encarregado de levar um pacote com o almoço de seu pai, que a sua mãe preparou. No caminho, ele come toda a comida e só deixa os ossos do frango. Ao entregar o embrulho ao pai, diz que a sua mãe comeu tudo juntamente de um amante e só enviou as sobras para ele. Enfurecido, o pai volta para casa e mata a esposa. A mãe, que não tinha culpa nenhuma, joga uma maldição sobre o filho: ele nunca morrerá e ficará vagando eternamente, sem jamais crescer. Alguns acreditam que, até hoje, a criança fica vagando por aí, fazendo todo tipo de peripécias, travessuras e malvadezas. 

Região Sudeste: Curupira

Em outras regiões do país, essa lenda é conhecida como caipora, mas as características são as mesmas: um menino (ou anão) levado, de cabelos vermelhos como fogo e com pés invertidos (calcanhares para frente), que tem como tarefa cuidar da floresta e de todos os seus seres vivos. Esse mito se originou no estado de São Paulo com os exploradores da região. Os índios, muito astutos, não queriam ser capturados pelos portugueses e bandeirantes que, no século XVI, andavam pelas matas brasileiras em busca de indígenas para escravizar ou catequizar. Para enganarem os estrangeiros, os nativos marcavam o caminho com folhas, pedras e rochas e andavam de costas para deixar rastros ao contrário, forjando uma trilha ao inverso, sendo impossível de rastreá-los. 

Região Sul: Negrinho do Pastoreio

Um dos temas mais frequentes do folclore brasileiro é o da escravidão. Existia todo um misticismo derivado do medo que os brancos sentiam da cultura africana e, do lado dos negros, uma vontade de expressar suas próprias tradições. A história do negrinho do pastoreio é de muita tristeza e perseverança. De acordo com a lenda, o menino era um escravo que trabalhava cuidando dos cavalos e com o pastoreio das terras de um rico fazendeiro. Certo dia, ele foi acusado de ter perdido um dos animais e foi açoitado por seu senhor. Depois de sofrer com a punição, foi comandado a procurar e trazer o bicho de volta, mas, como era inocente, não conseguiu cumprir a tarefa. Seu segundo castigo foi ainda pior: foi colocado pelado dentro de um formigueiro. No dia seguinte o fazendeiro se surpreendeu ao encontrar o garoto montado no cavalo, sem nenhum ferimento e cavalgando livremente pelas terras da fazenda. Muitos acreditam que a história foi um milagre de Nossa Senhora Aparecida em nome dos inocentes. 

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*Giovanna Fontenelle é estudante de jornalismo e história e, às vezes, não sabe se vive no presente, no passado ou nos planos de viagens futuras. Leva uma bagagem de conhecimentos inúteis para onde quer que vá. 

 (Do Blog da revista Viagem)

P.S. Imagens da internet.

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