domingo, 7 de novembro de 2021

Pequena memória para um tempo sem memória

 (Tempos de luta contra a ditadura militar) 

Gonzaguinha

Memória de um tempo onde lutar

Por seu direito

É um defeito que mata. 

São tantas lutas inglórias,

São histórias que a história

Qualquer dia contará. 

De obscuros personagens,

As passagens, as coragens

São sementes espalhadas nesse chão. 

De Juvenais e de Raimundos,

Tantos Júlios de Santana,

Dessa crença num enorme coração. 

Dos humilhados e ofendidos,

Explorados e oprimidos,

Que tentaram encontrar a solução. 

São cruzes sem nomes

Sem corpos,

Sem datas... 

Memória de um tempo onde lutar por seu direito

É um defeito que mata. 

E tantos são os homens por debaixo das manchetes.

São braços esquecidos que fizeram os heróis.

São forças, são suores que levantam as vedetes

Do teatro de revistas, que é o país de todos nós. 

São vozes que negaram liberdade concedida,

Pois ela é bem mais sangue;

Ela é bem mais vida.

São vidas que alimentam nosso fogo da esperança,

O grito da batalha

Quem espera, nunca alcança! 

Ê ê, quando o Sol nascer

É que eu quero ver quem se lembrará.

Ê ê, quando amanhecer

É que eu quero ver quem recordará. 

Ê ê, eu não posso esquecer

Essa legião que se entregou por um novo dia.

Ê ê, eu quero é cantar essa mão tão calejada,

Que nos deu tanta alegria,

E vamos à luta! 

P.S. Música cantada no final do filme “Mariguela”, de Wagner Moura.

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