quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

A água batizada

 

Polêmica da “água batizada” de Branco no jogo com a Argentina completa 31 anos. 

No dia 24 de junho de 1990, Brasil foi derrotado pelos “Hermanos” com gol de Caniggia, em Turim, na Copa do Mundo da Itália, em partida que ficaria marcada pela suposta “trapaça” em bebida. 

Por Gustavo Garcia − Cabo Frio, RJ 

Dia 24 de junho de 1990. Estádio Delle Alpi, em Turim, na Itália. Trinta e nove minutos do primeiro tempo. Ricardo Rocha derruba Troglio no gramado. O jogo entre Brasil e Argentina pelas oitavas de final da Copa do Mundo é paralisado pelo árbitro francês Joel Quiniou. 

O forte calor faz o lateral-esquerdo Branco pedir água aos argentinos que entram no gramado para o atendimento ao jogador. A cena se perpétua nas histórias das Copas do Mundo, há exatos 31 anos. 

Existem controvérsias em como todas as histórias. Mas, reza a lenda que Maradona, ao ouvir o pedido do lateral-esquerdo brasileiro, mandou o massagista Miguel di Lorenzo, o Galíndez, trocar as garrafas que os argentinos estavam bebendo para dar uma diferente a Branco. 

O jogador brasileiro, que era responsável por cobrar as faltas da Seleção, teria bebido uma suposta “água batizada”, que o teria deixado sonolento ao longo do jogo. As acusações são muitas pelo lado dos brasileiros que participaram do confronto, inclusive, do próprio Branco. 

Existe um vídeo, inclusive, de alguns anos, em que Maradona dá a entender que havia algo na água de Branco e faz brincadeiras com o episódio. Mas tanto Caniggia, quanto Galíndez, outros dois envolvidos no caso, sempre negaram o ocorrido. 

O fato é que se houve ou não trapaça naquela partida, que ficaria marcada pela “água batizada” de Branco, aos 35 minutos do segundo tempo, Maradona fez fila na defesa brasileira e encontrou Caniggia na esquerda. O argentino driblou Taffarel e mandou para as redes. 

O gol garantiu a vitória argentina, que avançou às quartas de final no clássico com o Brasil e seguiu na caminhada rumo ao vice-campeonato − os Hermanos acabaram sendo derrotados pela Alemanha na final. 

Branco, a vítima do possível golpe dado pelos argentinos, tem certeza que ele realmente aconteceu. “Nenhum ser humano que estava dentro do campo ia imaginar que ia ter uma trapaça dessa. Eu fiquei sabendo depois de três meses. O Ruggieri (zagueiro argentino naquele jogo) me falou. Depois do jogo, eu falei, todo mundo ironizou”, afirmou o lateral, ao UOL, em 2016. Alguns jogadores argentinos que estavam em campo na Copa-1990 também confirmam a história (e costumam se divertir cada vez que a relembram para alguém). 

Um deles, inclusive, era o craque da companhia. Diego Maradona, que já foi apontado como cúmplice do técnico Carlos Bilardo na trapaça, falou sobre o caso inúmeras vezes ao longo dos anos. “Alguém colocou umas gotas de Rohypnol (um tranquilizante psiquiátrico) na água e complicou tudo”, afirmou o camisa 10, em 2004. “Não retiro nada do que eu disse. Foi tudo verdade”, repetiu no ano seguinte. 

Ruggeri foi outro que riu sobre o escândalo da água batizada. “Não se pode tomar água do time adversário, não se pode. Tome a sua, idiota, não a nossa… Que água você acha que vamos dar a um brasileiro?”, disse, em 2017. 

As oitavas de final de 1990 foi o último encontro entre brasileiros e argentinos em uma Copa do Mundo. As duas seleções se cruzaram outras três vezes na competição: em 1974 (o Brasil ganhou de 2 a 1) e 1982 (o Brasil ganhou 3 a 1), a seleção canarinho levou a melhor; já em 1978, houve um empate sem gols.

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