quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Maradona x Branco:

 Qual foi o esquema para dar a água batizada em 1990.

Tales Torraga 

(...) 

Branco era o encarregado de cobrar as faltas para o Brasil, e fazia calor em Turim.“Estava uns 40 graus” , relembrou Maradona em entrevista ao programa Mar Del Fondo, do canal TyC Sports, em 2004. Aos 39 minutos da etapa inicial, uma falta de Ricardo Rocha sobre Troglio deixou o argentino no piso. 

Entraram então os auxiliares com várias garrafas de águas em recipientes de cores diferentes. E Branco, rodeado de argentinos, bebeu um pouco de uma garrafa verde, com o logotipo da marca de isotônicos Gatorade. Todos os argentinos tomaram água de garrafas transparentes. 

“Vascooo, dessa não, dessa não, da outra!”, gritou Maradona a Olarticoechea. Foi esse chamado que alertou o grupo: nem todos sabiam o que estava acontecendo. O próprio Diego detalhou tudo na entrevista de 2004: “Eu dizia, beba, beba, Valdito... E depois veio Branco, que tomou toda a água. Justamente o Branco, que batia as faltas e caía”, contou, gargalhando. “Depois do jogo, estavam os dois ônibus juntos, e Branco me olhava pela janela e me apontava o dedo, me culpando, e respondia com gestos de que não tinha nada a ver com aquilo. Branco jogava na Itália e tínhamos boa relação. Depois disso não conversamos mais.” 

Maradona revelou inclusive qual foi a substância usada para drogar o brasileiro. “Alguém picou Rohypnol na água e complicou tudo”, ria, citando o tranquilizante de uso psiquiátrico. De acordo com o jornal Clarín, esse “alguém” foi o massagista Miguel de Lorenzo, mais conhecido como Galíndez, sob ordens de Carlos Bilardo − que, afinal, também era médico e sabia dos meandros necessários para tirar os adversários de combate. 

Depois da confissão de Maradona, ocorrida catorze anos depois da partida, a imprensa argentina voltou a ouvir vários outros personagens presentes ao Delle Alpi. A revista Ventitrés publicou a seguinte entrevista com Bilardo: 

− Maradona contou sobre o caso da garrafa com tranquilizante que deram a Branco. Ele revelou uma trapaça que envolve você. 

− Mas ele não disse quem foi. 

− E quem foi, Bilardo? 

− Não sei, não sei... Não digo que não tenha acontecido, hein? 

− Você não nega, e era o responsável pelo grupo... 

− Sim, mas te digo que não sei. 

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Branco perdoa argentino da água batizada de 1990 

Branco sentiu na pele os efeitos de uma armação colocada em prática em plena Copa do Mundo. Pouco mais de 26 anos depois, entretanto, o ex-lateral esquerdo da seleção brasileira diz que perdoa o massagista argentino responsável por entregar a “água batizada” nas oitavas de final do Mundial da Itália. 

O ex-atleta ainda disse que se fosse contatado ajudaria Galíndez, que passa por problemas de saúde e financeiros depois de abandonar a carreira há dois anos. “Eu ajudaria com o maior prazer. Não sou um cara rancoroso. O futebol só me deu amigos”, disse Branco em entrevista ao UOL Esporte. 

Os dois, inclusive, voltaram a se encontrar nos anos seguintes à partida, durante outros duelos entre as duas seleções. Branco defendeu a equipe brasileira por mais cinco anos depois o episódio ocorrido em Turim, conquistando o tetra nos Estados Unidos, em 1994. 

“Encontrei o Galíndez porque eu joguei muitas vezes contra a Argentina. Eu gostaria de encontrá-lo para perdoá-lo. Na vida todo mundo erra, todo mundo é passível de erro, eu não guardo rancor, mágoa, eu não tenho nada contra ele. Isso não veio dele, veio de alguém de cima”. 

(...) 

No segundo tempo, já recuperado, Branco viu Caniggia marcar o único gol do jogo. No dia seguinte à derrota, ainda falou, em entrevista concedida ainda em território italiano, que os argentinos “jogavam sujo”. 

(Do Blog do UOL)

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