quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Paraquedista de 82 anos é pura adrenalina

 Luiz Schirmer, diretor médico e palestrante, já realizou quase 4 mil saltos.

Shirmer em pleno voo

Mineiro de Belo Horizonte, o Dr. Luiz Olyntho Teixeira Schirmer vive hoje em Florianópolis (SC), está com 82 anos (em março de 2020, hoje, 2021, 83 anos?) e salta de paraquedas dezenas de vezes por ano. Já ultrapassou 3800 saltos em 65 anos de paraquedismo, inclusive nos céus da Austrália, Nova Zelândia, Iugoslávia, Estados Unidos, França, Argentina, Chile entre outros países. 

Aos 17 anos apresentou-se ao exército como voluntário para servir como paraquedista. Ali aprendeu tudo, inclusive a ler, pois – acreditem – era analfabeto! Foi sempre disciplinado, determinado, honesto, cumpridor de seus deveres e acima de tudo sempre fiel à máxima de que querer é poder. Seus professores foram os oficiais e sargentos e, com seu exemplo, aprendeu a não ter preconceitos e respeitar a todos. 

Após três anos, foi promovido a Cabo, depois Sargento e Subtenente. Seguiu seus estudos até chegar à alegria de se formar médico pela Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro. Cursou, também, a Escola de Saúde do Exército e foi promovido a Primeiro Tenente Médico. 

Em 1964, foi o primeiro campeão brasileiro absoluto de Paraquedismo e representou o Brasil em 5 campeonatos mundiais.


 Sargento Shirmer, campeão brasileiro de salto livre em 1964

P.S. No Exército (Núcleo da Divisão Aeroterrestre) o sargento Schirmer foi MS (Mestre de Salto) n° 845, Dompsa (Dobragem de Paraquedas) n° 74, Salto Livre n° 44, FE (Forças Especiais) n° 39 e Comando n°  48. 

É fundador do primeiro clube de paraquedismo civil do Paraná, criado em 05/02/1986, o Albatroz, que completou 53 anos em 2020. Filiado à Confederação Brasileira de Paraquedismo, o clube desde então responde pela formação de milhares de alunos. 

Uma história verdadeira 

É curiosa e verdadeira a história de Luiz sobre um pouso de paraquedas em pleno Palácio do Iguaçu, sede do governo paranaense. Em 1968, o então governador do Paraná, Paulo Pimentel, estava no Palácio em recepção a uma delegação estrangeira. Às 14 horas, passou pela sua janela um homem pilotando um paraquedas, que pousou no jardim do palácio, na frente da janela do governador. Note-se que o governador havia sido convidado para assistir aos primeiros saltos em Curitiba no aeroclube de Bacacheri. Educado, ligou antes da hora para dizer que não poderia comparecer. 

Atônito, Pimentel solicitou que os seguranças trouxessem o inesperado visitante até seu gabinete. Era Luiz Olyntho Teixeira Schirmer, o primeiro campeão brasileiro de paraquedismo e atualmente, aos 83 anos, o paraquedista mais velho ainda em atividade na América do Sul.


 Shirmer saltando no cabo Canaveral, Flórida-USA

No ano anterior, o recém fundado Albatroz Paraquedismo precisava de um avião e Schirmer achou que um salto em pleno Centro Cívico era a melhor maneira de chamar a atenção do governo do Estado para a causa. Deu certo: o Albatroz recebeu um avião emprestado e segue com uma carreira sólida e longa. 

Como tudo começou

Schirmer saiu de Betim (Minas Gerais) com dez anos de idade em direção ao Rio de Janeiro, em busca de uma mudança de vida. Por sete anos sobreviveu com trabalhos de faxina e capinagem, foi ainda engraxate e entregador de compras de armazéns. Um dia, com um caixote de frutas nas costas pronto para entrega, deu de cara com um caminhão do exército. 

Um soldado desceu e colou na fachada do armazém um cartaz com foto de um grande paraquedas e um texto explicativo. Como não sabia ler, perguntou ao sargento do que se tratava. Recebeu dele a orientação para que se apresentasse ao exército. 

“Eu precisava comer, dormir e me vestir. Eu era muito pobre, o meu grande sonho era ter uma bicicleta e eu achava que era impossível”, explica Schirmer. “Além de analfabeto, eu não tinha os dentes superiores dianteiros. O exército me proporcionou uma prótese e servi três anos como soldado quando também pude me alfabetizar. Estudei medicina e saí como Primeiro Tenente Médico Paraquedista do Exército Brasileiro”, orgulha-se. 

O primeiro salto foi fascinante. Ele nunca tinha estado nem perto de um avião até aquele dia. Aos 17 anos, muito assustado, embarcou e saltou, porque tinha que saltar. Quando o paraquedas abriu percebeu que tinha o mundo inteiro abaixo de seus pés. “Aquela paisagem, eu vendo tudo de cima. Pensei: ‘não morri e nem vou morrer mais’.” diz Schirmer. 

Mora em Santa Catarina há 34 anos e tem muito orgulho de ter conduzido a tocha olímpica por 200 metros, em 2016. Trabalha e dirige hoje uma Clínica Médica em Canasvieiras, em Florianópolis. Quando perguntam seu segredo de disposição e vida longa, responde: “Não há segredo. É o que todo mundo sabe, mas pouca gente faz: Hábitos saudáveis de vida, alimentação adequada, não fumar, beber pouquíssimo e não se estressar. Amar a vida, fazer o que gosta e praticar esportes. Buscar o que te torna feliz”. 

O prazer de viver e trabalhar mantém o médico em paz com o tempo: “Da velhice, eu não posso falar, porque eu não me sinto velho. Vivo hoje intensamente e aproveito cada dia, procuro fazer o melhor possível a cada dia. Ninguém deveria deixar o tempo passar. O tempo é precioso. Muito precioso,” ensina o doutor Luiz Schirmer. 

 Shirmer, no alto da foto, num salto na Flórida-USA

Fontes:

Paranaense: Gazeta do Povo – Paraná

Gaúcha – Zero Hora, Rio Grande do Sul

Globo Repórter 

Catraca Livre 

(Do Blog Longevidade) 

P.S. Assista, na internet, o depoimento que o dr. Schirmer deu ao Jô Soares no seu programa de entrevistas.


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