sábado, 11 de dezembro de 2021

O menino que queria ter lucro com maçãs

 

O menino morava numa rua onde havia uma frondosa macieira. Ele admirava aquelas suculentas e avermelhadas maçãs, mas não podia tocá-las, porque a árvore era muita alta e ele, muito pequeno. 

Ele, então, sabia que um dia cresceria, podendo subir no muro e pegar quantas maçãs quisesse, até a sua vontade tivesse sido saciada. Era só uma questão de tempo... 

O menino se tornou adolescente; sua ambição cresceu, agora ele sabia que, finalmente, tinha chegado a sua hora de acertar os ponteiros com as suas deliciosas maçãs. 

Agora só havia um novo detalhe. O olho do menino cresceu proporcional à sua ambição. Ele não queria apenas uma fruta, mas, sim, colher todos os frutos da árvore e ganhar muito dinheiro com a sua venda. Somente um detalhe impedia o seu sonho: ele não poderia fazer tudo sozinho, que era colher as maçãs, vendê-las e usufruir do seu lucro.

 

Foi, para isso, marcado com comparsas do bairro, o dia do roubo das frutas; o acerto para a compra e o lucro de cada um, sendo que a parte dele, por ter idealizado o plano, era muito maior. 

Ele sonhava com esta pequena contravenção que, se desse certo, seria a primeira de muitas que ele idealizava fazer durante toda a sua vida. 

O dono da quitanda já tinha encomendado dezenas de maçãs, o preço unitário de cada uma, que ele pretendia vender com uma margem de lucro muito maior. Só quem ficaria no prejuízo era a viúva pobre dona do terreno e da macieira, que rendia a ela uma pequena margem de lucro, pois quase tudo que colhia, ela dava para os pobres de sua paróquia. 

O menino empreendedor morava numa bela e confortável casa, onde ninguém passava fome, nem sua mãe deixava de todos os dias comprar frutas frescas no mercado mais fino do seu bairro. 

Porém alguma coisa deu errado. Alguém se arrependeu da falcatrua, falou para um colega honesto, que falou para o seu pai, que falou com um professor, que falou com diretor. Deu uma CPI danada! Todos foram chamados a prestar depoimento, instalou-se uma Comissão de Inquérito. Todo mundo entregava todo mundo. Os pais do aluno rico, idealizador do plano, disse que seu filho era bem criado, tinha boa educação, bons princípios morais e nunca faria uma coisa dessas. Inclusive seu filho estava se preparando para entrar para o Colégio Militar e seguir a mesma carreira do pai, militar linha dura, com ideias cimentadas nos princípios da “Redentora” de 1964. 

No final, ficou o dito pelo não dito. O diretor advertiu com palavras brandas o garoto. O professor reconheceu que o aluno tinha pais conservadores, não convinha mexer com gente assim. A dona do terreno lamentou que não pudesse fazer nada, pois uma cerca alta custaria muito dinheiro e o dono da quitanda disse nunca viu os meninos na vida. 

(Autor desconhecido) 

P.S. Qualquer semelhança com fatos reais que estão acontecendo atualmente no Brasil, é mera coincidência! Uma história não tem nada a ver com a outra...

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