Oh! Seu Oscar.
Composição: Wílson
Batista e Ataulfo Alves
Cheguei cansado do trabalho,
Logo a vizinha me falou:
- Oh! seu Oscar,
Tá fazendo meia hora
Que a sua mulher foi embora
Um bilhete lhe deixou...
Logo a vizinha me falou:
- Oh! seu Oscar,
Tá fazendo meia hora
Que a sua mulher foi embora
Um bilhete lhe deixou...
(Meu Deus, que horror!)
O bilhete assim dizia:
O bilhete assim dizia:
“Não posso mais,
Eu quero é viver na orgia!” (bis)
Fiz tudo para ver seu bem-estar,
Até no cais do porto eu fui parar,
Martirizando o meu corpo noite e dia,
Mas tudo em vão,
Ela é, é da orgia.
(É... parei!)
Até no cais do porto eu fui parar,
Martirizando o meu corpo noite e dia,
Mas tudo em vão,
Ela é, é da orgia.
(É... parei!)
Gravada originalmente em 1939 na RCA
Victor por Ciro Monteiro, acompanhado por coro e regional da própria gravadora,
e lançada em discos 78 rpm.
Outras gravações conhecidas são as de
Roberto Silva (1958), Ataulfo Alves & suas Pastoras (1959), Os Cinco Crioulos
(1967), Gilberto Milfont & As Gatas (1975), MPB-4 (1977), Ataulfo Alves Jr.
& Elizeth Cardoso (1984), entre outras.
Contrariando as expectativas dos anos
anteriores, em 1940, os sambas predominaram no lugar das marchinhas. Um dos
mais cantados foi Oh! Seu Oscar, vencedora, aliás, de um concurso carnavalesco
patrocinado pelo DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda, órgão criado pela
ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas. Oh! Seu Oscar chegou a vencer
inclusive a Aquarela do Brasil, de Ary Barroso.
Com o título original Ela é da orgia, o samba fez tanto
sucesso que, em março do mesmo ano, Odette Amaral lançava na própria RCA A
mulher de seu Oscar, da mesma dupla de compositores, não alcançando, entretanto,
a mesma repercussão.
A letra de Oh! Seu Oscar nos remete a
tristeza de um operário que em tom de desabafo relata a um amigo o abandono da
mulher que o deixara para ter, ou voltar, à outra vida, que não à de
"casada". Edigar de Alencar*, tece o seguinte comentário a respeito:
“A tragédia do operário posta em
relevo num tom meio impiedoso, foi tema de agrado do povo que logo o elegeu um
dos seus favoritos. E o samba ficou famoso e foi premiado pela Prefeitura (...)
Por esse tempo, os sambistas falavam mais em orgia do que em morro, feijão,
etc...”
Interessante notar como determinados
temas, ainda considerados tabu para a classe média, são facilmente abordados
pelos nossos sambistas, que mencionam, no caso deste samba, ainda que de forma
preconceituosa, a liberação da mulher.
* Edigar de Alencar. O carnaval carioca através da música.
Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1985, p. 279.
P.S. Há, na internet, uma gravação
com Ataulfo Alves, um do autores da música.
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