domingo, 30 de junho de 2019

Arborização na Baixada



Jogo no Estádio da Baixada – 1920 – com o novo pavilhão de madeira*

O Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense, campeão de futebol, desta capital, de 1911, adquiriu, há poucos meses, o terreno fronteiro à Liga dos Atiradores Alemães, a fim de instalar, ali, a sua sede. Entre outros melhoramentos que serão introduzidos, consta o levantamento de um grande pavilhão. O ground será todo cercado com plátanos, cuja plantação efetuar-se-á por estes poucos dias. O Dr. Montaury, intendente municipal, ofereceu ao Grêmio Foot-Ball 50 mudas daquela árvore. Em sessão realizada há dias, aquela agremiação resolveu dar a cada uma das árvores o nome de um dos seus associados, com a condição de cuidá-las. A iniciativa dessa corporação foi recebida com entusiasmo entre os seus sócios. Por ocasião da plantação dos plátanos, haverá uma festa.

N.R. - Assim, o Correio do Povo de 20 de agosto de 1911 noticiava o início da instalação do Estádio da Baixada, do Grêmio, num dos terrenos que hoje compõem o parque Moinhos de Vento.


Airton Pavilhão


Airton no Estádio Olímpico, sem a arquibancada superior

Aírton Ferreira da Silva é o famoso Pavilhão. Para muitos, o maior zagueiro da história do Rio Grande. Para outros, divide esta honraria com Dom Elias Figueroa. Aírton é um sujeito de bem com a vida. Se locomove com alguma dificuldade, mas sempre dá um jeito de chegar onde quer com ajuda dos amigos. Os grandes jogos do Olímpico assiste a todos. Vai de cadeira de rodas, mas vai. Mora em frente ao estádio do Grêmio. Viúvo, fica quase todo tempo em casa. Aírton nasceu em 31/10/34, na Capital. É pai de Aírton, Mauro, Ânderson (que faleceu com 8 anos) e Alceu. Começou no Força e Luz com 10 anos. Foi parar no Grêmio com 19. Diz que quis sair do Força e Luz quando tomou dez do Inter e decidiu que daria o troco quando fosse para o Grêmio. Foi. Em 13 campeonatos estaduais ganhou 12. Capitão do time por muitos anos, pelo orgulho de jogar no Grêmio perdeu muitas chances na carreira. Inclusive de jogar no Inter. Se arrepende. Disse que a proposta do Inter era quatro vezes maior. Foi para o Santos em 62, disputou um Torneio Rio-São Paulo e não quis ficar, pois só davam bola para Pelé. Se deprimiu e voltou. O maior técnico com quem trabalhou foi Osvaldo Rolla. No final de carreira, jogou no Cruzeiro e no São José. Por ajuda de Alceu Collares, trabalhou no projeto do governo de tirar crianças da rua e hoje está aposentado. O apelido Pavilhão surgiu quando saiu do Força e Luz para o Grêmio, trocado por 50 mil réis e mais um pavilhão.

Da coluna do Luiz Carlos Reche


* Airton Ferreira da Silva, baita zagueiro, foi trocado pelo pavilhão de madeira da foto acima, mais uma pequena quantidade de dinheiro. O dinheiro da venda do zagueiro, o Grêmio usou para a construção do seu novo estádio. A troca foi feita com o time do Força e Luz (time da CEEE). O tal pavilhão (o de madeira) estava atrás do ginásio da Brigada Militar, na Rua Alcides Cruz, cujo terreno já foi vendido ao grupo Zaffari. Eu, nos 50, assisti a muitos jogos no campo do Força e Luz, pois, para mim, era só atravessar o Arroio Dilúvio que estava lá. O Grêmio já estava jogando do seu novo campo de futebol, o Estádio Olímpico, inaugurado em 1954.

Nilo Moraes

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