Qual é o truque dos ventríloquos?
Para fazer um boneco “falar”, o
ventríloquo precisa movimentá-lo em sincronia com a sua voz, emitida sem mexer
os lábios. A neurociência explica como o espectador é enganado: quando o som e
os movimentos da boca do boneco acontecem ao mesmo tempo, a tendência é
associá-los inconscientemente – o mesmo ocorre quando assistimos TV e achamos
que o som vem dos lábios de quem está na tela e não dos alto-falantes.
Acredita-se que a prática da
ventriloquia tenha começado em torno de 300 a .C., na Grécia antiga, usada por oráculos
para simular a voz dos deuses. Na Idade Média, a técnica foi associada à bruxaria e, no século 16, começou a aparecer em shows de
mágica. Só no fim do século 19 ganhou o formato atual, com fantoches divertindo
a audiência com histórias e piadas.
Alguns ventríloquos fazem a voz
do boneco enquanto fingem beber água. O truque é feito com um copo especial,
usado em números de mágica.
Confira como é criada a ilusão sonora:
1) Lábios imóveis
Falar sem mexer a boca, com
lábios entreabertos, requer fôlego e treino. Iniciantes começam a praticar
falando vogais em frente ao espelho, sempre inspirando fundo e soltando o ar devagar.
2) Troca de letras
Pronunciar letras como “p”, “b”, “m” e “f” sem mover os lábios é difícil. Nesses casos, a saída é falar “nãe” em vez de “mãe” e “tato” em vez de “pato”, por exemplo. No meio de outras palavras, ninguém percebe a diferença na pronúncia.
3) Objeto vivo
Pequenas ações do boneco, como balançar a cabeça, iludem a plateia, fazendo-a associar os sons com os movimentos. Além disso, na hora da “fala”, o ventríloquo olha fixo para ele, conduzindo o olhar do público.
4) Identidade vocal
Desenvolver uma voz para o boneco é fundamental para que a plateia acredite que é ele quem está falando. A entonação precisa combinar com o perfil do personagem e, ao mesmo tempo, ser bem diferente da voz do ventríloquo.
5) Roteiro é tudo
O texto precisa ser decorado, com as palavras mais difíceis ensaiadas várias vezes. O processo ajuda o ventríloquo a esquecer que está falando consigo mesmo e dar naturalidade ao diálogo.
Consultoria Yakko Sideratos, ator e ventríloquo.
Fontes Livro Dumbstruck: A Cultural
History of Ventriloquism, de Steven Connor, e site Science Daily.
(Da revista “Mundo
Estranho”, fevereiro de 2013)
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