E outro dia cheguei à
cabana da índia Kupen, a velha e sábia índia da Terra do Fogo, eu disse:
− Kupen, não quero saber onde há ouro, nem comida requintada, nem jovem submissa; não venho bisbilhotar a intimidade de tua vida, nem rir dos teus hábitos tradicionais, nem perturbar a calma de tua casa. Venho ver-te, ouvir-te. Venho falar contigo, pedir-te em troca da alegria da minha juventude a sabedoria da tua velhice.
E Kupen respondeu:
− Percorrerás muitos caminhos, cruzarás muitos mares, correrás muitas terras, verás toda a espécie de lugares, ouvirás toda a espécie de músicas, alegrar-te-ás com toda a espécie de danças, falarás toda a espécie de línguas... Mas, se o que buscas na vida é a verdade dos corações, hás de saber que nós, o povo de Oneisin, como os brancos e como os pretos, nascemos, vivemos e morremos na ilusão das mesmas esperanças, sob o peso das mesmas tristezas, presos aos mesmos egoísmos, enlaçados nos mesmos destinos, possuídos dos mesmos rancores... Afinal, no Oriente ou no Ocidente, a alma é sempre a mesma, ainda que o corpo o faça parecer diferente.
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