quinta-feira, 4 de março de 2021

Velha história

 Bastos Tigre

 

É velha a história da luta

Entre marido e mulher:

Travaram forte disputa

Por um motivo qualquer.

 

Trocaram palavras duras:

− Tu és isto − tu és aquilo!

Um rol de descomposturas

Na velha forma do estilo.

 

E, afinal, sem mais aquela,

O marido, um cabra mau,

Na sua cara-costela,

Assentou, de rijo, o pau.

 

A mulher gritou (pudera!)

E um vizinho prestimoso

Acudiu, como uma fera,

Pela mulher, contra o esposo.

 

− Sua esposa não maltrate!

Não seja bruto, senhor!

Numa mulher não se bate,

Diz ele, nem com uma flor!

 

− Não se bate?! Ora essa agora!

Exclama a esposa ofendida,

Faça o favor de ir-se embora

E ocupar-se de sua vida.

 

Não se faça intrometido!

Que é que o senhor cá perdeu?

O Cazuza é meu marido

Bate naquilo que é seu!

 

O interventor oficioso

Tenta explicar-se, mas nisso,

A esposa e o seu caro esposo

Metem-lhe o pau que é serviço!

 

Moralidade:

 Brigam mulher e marido?

Fugi, se prudente sois

E senão estais prevenido

Para o pau meter nos dois.

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