sábado, 13 de março de 2021

O garoto que enganou o malandro.

 

Em toda cidade grande sempre há vigaristas, que trabalham em dupla, enganando pessoas burras e ambiciosas. Eles usam a famosa jogatina de se colocar uma bolinha de espuma dentro de um dedal. O manejador passa, relativamente rápido, três dedais em cima de uma mesa, e uma pessoa da plateia aposta uma certa quantidade de dinheiro, tentando acertar em qual dedal está a bolinha. 

 “Um homem da plateia”, que, é claro, é o seu cúmplice, aposta 10 reais e ganha! Aposta novamente e ganha. Outras pessoas, vendo que o jogo não é tão difícil assim, também começam a apostar e, agora, a perder... 

Um dia, um garoto de uns 13 anos, com um livro embaixo do braço e óculos de grau, bonezinho na cabeça, começou a observar o jogo e viu que o manejador, na sua rapidez, sempre tirava a bolinha de todos os dedais. Ele tinha uma incrível maneabilidade fazendo com que ela ora aparecesse ou desaparecesse conforme a sua agilidade. Quando o comparsa apostava, havia bolinha no dado apontado e ele, casualmente, sempre acertava. Quando alguém da plateia apostava, ele, sutilmente, retirava a bolinha e, em qualquer dedal apontado, nunca haveria prêmio, perdendo sempre. 

Então, o garoto, largou a pasta no chão, tirou 20 reais de sua mesada da carteira e resolveu arriscar. É claro que a cada quantia proposta, o manejador tem que bancar pagando a mesma quantia do apostador. O vigarista mexeu rapidamente os três dedais, deixando-os sobre a mesa para que o garoto dissesse em qual deles estava a bolinha de espuma e perder, pois em nenhuma deles ela estaria. 20 reais em cima de 20 reais. Começou a juntar curiosos de todas as idades torcendo pelo guri corajoso. 

− O senhor me dá um tempo para eu me concentrar − pediu o garoto. 

− Claro − respondeu o vigarista. 

O garoto olhou fixamente os dedais e, antes que o picareta fizesse qualquer gesto ou movimento, levantou os dedais da esquerda e da direita, sem a bolinha, e disse, convicto: 

− A bolinha está no dedal do meio! 

Pegou os 40 reais e se mandou! 

(Esta cena eu vi acontecer no centro de Porto Alegre...) 

NSM

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