Por Bruno Carbinatto
Está entediado durante o
isolamento? Com a pandemia de Covid-19, que levou grande parte do mundo a
entrar em quarentena, muita gente está tentando fugir do ócio de ficar preso
dentro de casa por dias e manter a saúde mental em dia. Confira algumas
grandes personalidades da história que, muito antes do coronavírus, usaram o
tempo de isolamento para produzir coisas incríveis.
(Mas um lembrete: você pode até
se inspirar neles, mas não se pressione. Não dá pra se comparar com grandes
gênios da humanidade, né?)
Isaac Newton
Em 1665, quando Isaac Newton era
ainda apenas um estudante na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, uma
doença assolou a capital do país. Conhecida como Grande Praga de Londres, a
epidemia de peste bubônica matou cerca de cem mil pessoas – um quarto da
população da cidade na época. A responsável foi a bactéria Yersinia pestis,
transmitida por pulgas (isso só foi descoberto séculos depois). Mesmo assim, a
população lutou contra a doença de uma maneira que conhecemos bem: isolamento
social. Eventos foram cancelados, estabelecimentos fecharam e aulas foram
canceladas. Newton voltou para a casa de sua família no interior, e sua mente
trabalhou como nunca.
Foi no ócio que o cientista
explorou melhor os problemas matemáticos que ele já havia começado a estudar em Cambridge. Dali
saíram as bases do cálculo diferencial e integral (ele tinha só 24 anos). Mas
não foi só isso: brincando com prismas no tédio do seu quarto, ele montou suas
primeiras teorias sobre ótica. E sabe aquela história da maçã caindo na cabeça
de Newton? Então, é mentira. Mas o quintal da casa da família de fato tinham
macieiras, e observá-las provavelmente o inspirou a pensar sua teoria sobre
gravitação.
Tudo isso foi feito, aliás, em um
período de pouco mais de um ano. A Praga acabou em 1666, quando Newton voltou
para Cambridge com seus escritos – e pode finalmente divulgá-los.
William Shakespeare
Entre 1603 e 1613, Londres
registrava surtos periódicos de peste bubônica em sua população – sim, a mesma
doença do item anterior (as condições sanitárias não ajudavam muito). Quando a
coisa ficava feia mesmo e eram registradas mais de 30 mortes por semana, a
cidade entrava em quarentena e estabelecimentos eram fechados – incluindo
teatros.
Foi nessa época que o famoso
escritor britânico produziu algumas de suas mais famosas obras. Para ser justo,
não há provas que Shakespeare em si tenha entrado em quarentena e se isolado
durante esses períodos – sabemos só que ele produziu muito quando a cidade
estava fechada. Obras como Rei Lear e Macbeth, por exemplo, foram escritas em
períodos nos quais os teatros estavam fechados, incluindo a companhia The
King’s Men, na qual o escritor trabalhava. Elas só foram apresentadas meses
depois, quando a saúde pública voltou aos eixos. De qualquer forma, Shakespeare
não viveu muito depois do fim da epidemia – faleceu 3 anos depois, em 1616.
Giovanni Boccacio
Em 1348, a cidade de Florença
foi atingida pela peste bubônica – pois é, ela de novo. Mas, dessa vez, foi “a”
peste mesmo. A epidemia ficou conhecido como Peste Negra e matou ⅓ de toda a
população europeia, principalmente porque as condições sanitárias não eram nada
boas e a doença se espalhava facilmente.
Nesse cenário quase apocalíptico,
o poeta italiano Giovanni Boccacio perdeu seus pais para a praga. Com isso,
fontes apontam se refugiu no interior do país, longe das cidades populosas e
devastadas pela doença. No isolamento, escreveu sua obra mais famosa: o
Decamerão. Ele é uma coletânea de dez histórias, contada por dez jovens que se
abrigam em uma pequena vila para escapar da Peste Negra que assolava a Itália.
A ideia é que eles estivessem conversando para passar o tempo. As histórias são
tanto um ato de luto quanto uma celebração da vida, que se regenera após a
peste.
Edvard Munch
Além da Peste Negra, uma outra
grande pandemia entrou para a história do mundo: a Gripe Espanhola, que ocorreu
em 1918. Causada pelo vírus H1N1 (sim, o da gripe suína), estima-se que um
terço da população mundial tenha sido infectada pela doença, totalizando 50
milhões de mortes (incluindo até o presidente do Brasil na época).
Uma das pessoas que acabou doente
foi o pintor norueguês Edvard Munch, um dos maiores nomes do movimento
artístico conhecido como expressionismo. Sua obra mais famosa é, de longe, “O Grito” – você deve
lembrar dela das aulas de artes. Esse quadro não foi pintado enquanto Munch estava
em isolamento se recuperando da doença, mas outros foram, incluindo o “Autorretrato
com gripe espanhola”, que mostra o próprio pintor no processo de
cura. Felizmente, Munch sobreviveu à doença e viveu até 1944.
Frida Kahlo
Ao contrário de outros dessa
lista, a artista mexicana não ficou exatamente em quarentena por conta de uma
pandemia – seu isolamento se deu após um acidente entre o ônibus que estava e
um bonde, que causou fraturas em sua espinha dorsal. Como resultado Kahlo ficou
hospitalizada por um tempo e, após ser liberada, ficou de cama em casa. Foi nesse período
que ela desenvolveu amor pela arte e começou a pintar. Um dos seus quadros mais
famosos – um
autorretrato – foi feito nessa época, com a pintora usando um espelho que
ficava acima da sua cama de referência.
(Do blog da revista
Super Interessante)
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