Uma
vez, estando eu pelos meus cinco anos, contei uma mentira a meu avô. Uma tolice
sem maiores consequências. Mas meu avô pediu ao jardineiro que trouxesse uma
escada de pedreiro, para colocá-la de encontro à parede da casa, de modo que
atingisse o nível do telhado. Ao ver cumprida a sua ordem, explicou ao
jardineiro:
−
Nosso garoto deu agora para pular de cima dos telhados. Pondo-se essa escada,
assim, ele há de usá-la, quando bem quiser, sem perigo de quebrar a cabeça ou
partir uma perna.
Compreendi,
imediatamente, o que representava aquilo, pois na região em que morávamos há um
provérbio que diz: “Mentir é dar um pulo do telhado da casa”.
Fiquei
calado, pensando no caso. Causava-se uma impressão estranha aquela escada em
frente a casa. Tive medo que ela ficasse ali para sempre, se eu não tomasse uma
decisão. Encontrei meu avô folheando um livro. Aproximei-me dele e reclinei
minha cabeça no seu colo.
−
Vovô − disse-lhe, então − não precisamos mais da escada...
A
notícia causou-lhe, ao que me parece, uma alegria imensa. Chamou o jardineiro e
disse-lhe, sorrindo:
−
Tire imediatamente a escada. Nosso garoto já não pula dos telhados...
(História chinesa, do
Almanaque do Barão de Itararé de 1955)
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