O homem, essa enfermidade, essa sombra, esse átomo, esse grão de
areia, essa gota de água, essa lágrima caída dos olhos do destino.
O homem que vive na perturbação e na dúvida, sabendo pouco do dia de
ontem e nada do de amanhã, vendo no caminho o necessário para pousar os pés e o
resto em trevas: trêmulo, se olha para diante; triste, se olha para trás, o
homem, envolto nessas obscuridades - o tempo, o espaço, o ser, - e nelas perdido, tem em
si um abismo -
sua alma -
e fora de si o céu.
O homem, que em certas horas se curva com uma espécie de horror
sagrado a todos os esforços da natureza, ao ruído do mar, ao irradiar das
estrelas.
O homem,
que não pode levantar a cabeça de dia sem que a luz o cegue; de noite sem que o
perturbe o infinito, o homem que nada conhece, nada vê, nada entende; que pode
ser levado amanhã, hoje, agora mesmo pela onda que passa, pelo vento que soa.
O homem, esse ser tímido inseto, miserável servo do acaso, o ludíbrio
do minuto que passa.
O homem, humilde verme da terra, quer destruir as obras de Deus e
impugnar a religião que regou com seu sangue, que Ele selou com a sua morte e à
qual prometeu a sua assistência!
Miséria das misérias!
Victor Hugo
Victor-Marie Hugo (Besançon,
26 de
fevereiro de 1802
— Paris,
22 de maio
de 1885)
foi um escritor
e poeta
francês
de grande atuação política em seu país. É autor de Les
Misérables e de Notre-Dame de Paris, entre diversas outras
obras.
“Do atrito de duas pedras chispam faíscas;
das faíscas vem o fogo; do fogo brota a luz.”
das faíscas vem o fogo; do fogo brota a luz.”
Victor Hugo
Nenhum comentário:
Postar um comentário