Era uma vez um marido que quis
experimentar se sua mulher seria capaz de lhe guardar um segredo. Esse marido,
que vivia em Roma, um dia, pouco depois do casamento, chamou pela manhã a
mulher e disse que precisava de lhe confiar um grande segredo. Dizendo isso,
fechou muito cuidadosamente as portas do quarto, correu as cortinas e tomou
todas as precauções para que ninguém o ouvisse. Depois de todos esses cuidados,
em voz muito baixa disse-lhe, com cara muito aflita que ele, todas as
madrugadas, como uma galinha, punha... um ovo! A mulher olhou-o espavorida, e
jurou que guardaria o maior segredo de tal defeito.
Dito tal juramento, o marido saiu e a mulher,
num pranto, correu ao quarto da mãe, e ali, obrigando-a a juramentos terríveis,
disse-lhe os seus desgostos: o marido, todas as manhãs, punha... dois ovos! “A
mamãe não diga nada, ouviu?... Jure!” E a mãe debulhada em lágrimas, jurou.
Sai a filha e, quase logo depois,
entra em casa o sogro do gerador de ovos. “Ai, marido da minha alma! O que eu
tenho que te contar!...” E, imediatamente não maior segredo, confidenciou-lhe
que o genro punha... três ovos! Nada menos que três! Exatamente como uma
galinha bem tratada e fecunda! O sogro apertou as mãos na cabeça e entre juras
prometeu o maior sigilo.
Dois dias depois, o marido-galinha é
chamado ao Santo Padre. Vai ao Vaticano. Aí, Sua Santidade diz-lhe que o queria
conhecer, por lhe constar ser ele grande fenômeno: que ele punha, todas as manhãs,
cem ovos!
O marido riu, e contou a Sua Santidade
o que havia feito: desejoso de conhecer se sua mulher guardaria segredo,
dissera-lhe que pusera um ovo, que a voz pública transformara em... cem! “Sim −
diz o Santo Padre, deve ser isso... A mim também me disseram que o meu amado
filho punha, todas as manhãs, noventa e nove ovos... e aí, eu acrescentei-lhe
mais um por minha conta...”
Ora, aí está o que é a opinião
pública, e como ela às vezes se forma!
(Do livro “Gostosas
Piadas Cariocas”, de 1960, por João Pindoba)
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