Apaixonado, Rubem produziu seu Soneto:
(Para Tônia Carrero, caminhando pelo Leblon)
E quando nós saímos era a Lua,
era o vento caído e o mar sereno,
azul e cinza azul anoitecendo
a tarde ruiva das amendoeiras.
era o vento caído e o mar sereno,
azul e cinza azul anoitecendo
a tarde ruiva das amendoeiras.
E respiramos, livres das
ardências
do sol, que nos levara à sombra cauta,
tangidos pelo canto das cigarras
dentro e fora de nós exasperadas.
do sol, que nos levara à sombra cauta,
tangidos pelo canto das cigarras
dentro e fora de nós exasperadas.
Andamos em silêncio pela praia.
Nos corpos leves e levados ia
o sentimento do prazer cumprido.
Nos corpos leves e levados ia
o sentimento do prazer cumprido.
Se mágoa me ficou na despedida,
não fez mal que ficasse, nem doesse:
era bem doce, perto das antigas.
não fez mal que ficasse, nem doesse:
era bem doce, perto das antigas.
Nas ruas de Paris, em 1947, com o
marido, o cenógrafo Carlos Thiré, a professora de educação física Maria
Antonieta Portocarrero esbarrou com o escritor Rubem Braga*. Surpresa, horas
depois soube que o encontro não fora casual. “Ele estava completamente apaixonado
por mim e me seguiu até lá”, conta. Tônia Carrero** se rendeu ao escritor, com
quem teve um romance por seis meses. “Nos encontrávamos numa garçonniére de um
amigo dele”, lembra. Caminhando com ela na praia do Leblon, Rubem fez um
soneto. E ameaçou se suicidar caso ela o abandonasse, dizendo que se jogaria na
frente de um carro. A história, real, é uma das que a atriz revelou na peça
Amigos para Sempre, que esteve em cartaz em São Paulo.
* Rubem Braga: Cachoeiro de Itapemirim, ES, 12
de janeiro de 1913 – 19 de dezembro de 1990, Rio de Janeiro, RJ.
** Tônia Carrero: 23 de agosto de 1922, Rio de Janeiro, RJ – 3 de março de 2018, Rio de Janeiro, RJ.
“Sempre tenho
confiança de que não serei maltratado na
porta do céu, e mesmo que São Pedro tenha ordem
para não me deixar entrar, ele ficar indeciso
quando eu lhe disser em voz baixa:
Eu sou de Cachoeiro...”
porta do céu, e mesmo que São Pedro tenha ordem
para não me deixar entrar, ele ficar indeciso
quando eu lhe disser em voz baixa:
Eu sou de Cachoeiro...”
Na noite de uma segunda-feira, 17
de dezembro de 1990, o escritor Rubem Braga reuniu um pequeno grupo de amigos,
cada vez mais selecionados por ele, na sua cobertura em Ipanema. Foi uma
visita silenciosa, mas claramente subentendida pelos amigos Moacyr Werneck de
Castro, Otto Lara Resende e Edvaldo Pacote. Às 23h30min da noite de quarta-feira,
19 de dezembro, sedado num quarto do Hospital Samaritano, Rubem Braga morreu,
sozinho como desejara e pedira aos amigos.
A causa da morte foi uma parada
respiratória em consequência de um tumor na laringe que ele preferiu não operar
nem tratar quimicamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário