sábado, 23 de fevereiro de 2019

Pequenas reflexões



Primeira história

Um garoto segurava em suas mãos duas maçãs. Seu pai se aproximou e lhe pediu com um belo sorriso:

− Filho, você poderia dar uma de suas belas maçãs para o papai?

O menino levantou os olhos para seu pai durante alguns segundos, e morde subitamente uma das maçãs e logo em seguida a outra. O pai sente seu rosto se esfriar e perde o sorriso. Ele tenta não mostrar sua profunda decepção, quando seu filho lhe dá uma de suas maçãs mordidas. O pequeno olha para seu pai com um sorriso de anjo e fala pra ele:

− Essa aqui é mais doce, papai!

Retarde sempre seu julgamento sobre as pessoas. Dê aos outros o privilégio de poder explicar, mesmo que a ação pareça errada, o motivo pode ser bom.

*****

Segunda história

Esta é uma história de um homem que contratou um carpinteiro para ajudar a arrumar algumas coisas na sua fazenda.

O primeiro dia do carpinteiro foi bem difícil. O pneu do seu carro furou, a serra elétrica quebrou, cortou o dedo, e ao final do dia o seu carro não funcionou.

O homem que contratou o carpinteiro ofereceu uma carona para casa.

Durante o caminho, o carpinteiro não falou nada.

Quando chegaram à sua casa, o carpinteiro convidou o homem para entrar e conhecer a sua família.

Quando os dois homens estavam caminhando para a porta da frente, o carpinteiro parou junto a uma pequena árvore e gentilmente tocou as pontas dos galhos com as duas mãos.

Depois de abrir a porta da sua casa, o carpinteiro transformou­-se.

Os traços tensos do seu rosto transformaram-­se em um grande sorriso, e ele abraçou os seus filhos e beijou a sua esposa.

Um pouco mais tarde, o carpinteiro acompanhou a sua visita até o carro.

Assim que eles passaram pela árvore, o homem perguntou:

– Por que você tocou na planta antes de entrar em casa?

O carpinteiro respondeu:

– Ah! Esta é a minha Árvore dos Problemas. Eu sei que não posso evitar ter problemas no meu trabalho, mas estes problemas não devem chegar até os meus filhos e minha esposa. Então, toda noite, eu deixo os meus problemas nesta árvore quando chego em casa, e os pego no dia seguinte; e você quer saber de uma coisa? Toda manhã, quando eu volto para buscar os meus problemas, eles não são nem metade do que eu me lembro de ter deixado na noite anterior.

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Terceira história

Um jovem descrente, desejando testar o conhecimento de um sábio, ergueu o punho fechado na frente do homem venerado.

− O que tenho em minha mão?  − perguntou o jovem.

− Uma borboleta, foi a resposta.

− Está viva ou morta? − inquiriu o rapaz.

O ancião sabia que o jovem estava brincando com ele. Se respondesse morta, o jovem abriria a mão e deixaria a borboleta voar. Se respondesse viva, o rapaz fecharia a mão e esmagaria a criatura. Então respondeu:

− Está em suas mãos – fazer aquilo que deseja com ela.

*****

Quarta história

Um velho morava em uma cidadezinha do interior, e todos ali estavam muito cansados dele. Ele estava constantemente fechado, mal-humorado e só se queixava. Quanto mais tempo ele vivia, mais amargo ficava, e suas palavras eram terríveis. Ninguém queria ouvi-lo. Na verdade, o que todos faziam mesmo era evitá-lo, porque ninguém queria para si aquele sentimento de infelicidade.

Mas um dia, quando ele chegou aos oitenta anos, algo incrível aconteceu. Instantaneamente todos começaram a ouvir um rumor e comentar: “O velho está feliz hoje, ele não se queixa de nada, sorri, e até mesmo seu semblante mudou, com uma aparência mais leve”.

Toda a aldeia se reuniu ao redor do homem e perguntou-lhe: “O que aconteceu com você?”.

O velho respondeu: “Nada de especial. Passei oitenta anos da minha vida correndo atrás da felicidade e agora vejo o quanto isso foi inútil. E, então, eu decidi viver sem felicidade e simplesmente aproveitar a vida. É por isso que estou feliz agora”.

Quinta história

Conta uma popular lenda do Oriente que um jovem chegou à beira de um oásis junto a um povoado e, aproximando-se de um velho, perguntou-lhe:

– Que tipo de pessoa vive neste lugar?

– Que tipo de pessoa vivia no lugar de onde você vem? – perguntou por sua vez o ancião.

– Oh, um grupo de egoístas e malvados – replicou o rapaz – estou satisfeito de haver saído de lá.

– A mesma coisa você haverá de encontrar por aqui – replicou o velho.

No mesmo dia, um outro jovem se acercou do oásis para beber água e vendo o ancião perguntou-lhe:

– Que tipo de pessoa vive por aqui?

O velho respondeu com a mesma pergunta:

– Que tipo de pessoa vive no lugar de onde você vem?

O rapaz respondeu:

– Um magnífico grupo de pessoas, amigas, honestas, hospitaleiras. Fiquei muito triste por ter de deixá-las.

– O mesmo encontrará por aqui – respondeu o ancião.

Um homem que havia escutado as duas conversas perguntou ao velho:

– Como é possível dar respostas tão diferente à mesma pergunta?

Ao que o velho respondeu:

– Cada um carrega no seu coração o ambiente em que vive. Aquele que nada encontrou de bom nos lugares por onde passou, não poderá encontrar outra coisa por aqui. Aquele que encontrou amigos ali, também os encontrará aqui, porque, na verdade, a nossa atitude mental é a única coisa na nossa vida sobre a qual podemos manter controle absoluto.

Sexta história

Era uma vez um jovem que visitou um grande sábio para lhe perguntar como se deveria viver para adquirir a sabedoria.

O ancião, ao invés de responder, propôs um desafio:

− Encha uma colher de azeite e percorra todos os cantos deste lugar, mas não deixe derramar uma gota sequer.

Após ter concordado, o jovem saiu com a colher na mão, andando a passos pequenos, olhando fixamente para ela e segurando-a com muita firmeza. Ao voltar, orgulhoso por ter conseguido cumprir a tarefa, mostrou a colher ao ancião, que perguntou:

− Você viu as belíssimas árvores que havia no caminho? Sentiu o aroma das maravilhosas flores do jardim? Escutou o canto dos pássaros?
Sem entender muito o porquê disso tudo, o jovem respondeu que não e o ancião disse:

− Assim você nunca encontrará sabedoria na vida; vivendo apenas para cumprir suas obrigações sem usufruir das maravilhas do mundo. Assim nunca será sábio.

Em seguida, pediu para o jovem repetir a tarefa, mas desta vez observando tudo pelo caminho. E lá foi o rapaz com a colher na mão, olhando e se encantando com tudo. Esqueceu da colher e passou a observar as árvores, cheirar as flores e ouvir os pássaros. Ao voltar, o ancião perguntou se ele viu tudo e o jovem extasiado disse que sim. O velho sábio pediu para ver a colher e o jovem percebeu que tinha derramado todo o conteúdo pelo caminho.
Disse-lhe o ancião:

− Assim você nunca encontrará sabedoria na vida; vivendo para as alegrias do mundo sem cumprir suas obrigações. Assim nunca será sábio.

Para alcançar a sabedoria terá que cumprir suas obrigações sem perder a alegria de viver, fazendo pequenos estragos pela vida, somente assim conhecerá a verdadeira sabedoria.

Sétima história

Um sábio mestre conduz seu aprendiz pela floresta. Embora mais velho, caminha com agilidade, enquanto seu aprendiz escorrega e cai a todo instante. O aprendiz blasfema, levanta-se, cospe no chão traiçoeiro e continua a acompanhar seu mestre. Depois de longa caminhada, chegam a um lugar sagrado. Sem parar, o sábio mestre dá meia volta e começa a viagem de volta.

− Você não me ensinou nada hoje − diz o aprendiz, levando mais um tombo.

− Ensinei sim, mas você parece que não aprende. − responde o mestre. Estou tentando lhe ensinar como se lida com os erros da vida.

− E como lidar com eles?

− Como deveria lidar com seus tombos. − responde o mestre − em vez de ficar amaldiçoando o lugar onde caiu, devia procurar aquilo que o fez escorregar.

Oitava história

Um dia perguntei a um velho sábio o que era o amor, e ele, então, me mostrou uma flor e falou:

− Está vendo esta flor? Ela desabrocha aonde há solo fértil, ela cresce aonde há luz do sol e ela vive se você cuidar todos os dias dela. O amor nada mais é que uma flor no coração: se você plantá-lo em seu coração fértil, se ele tiver carinho esse amor irá desabrochar mas se não houver nada disso então ela nunca nascerá.

Nona história

Um turista americano, no século passado, foi visitar o famoso rabino polaco, Hofez Chaim.

Admirou-se ele ao ver que a casa do rabino era pouco mais que um quarto repleto de livros por toda a parte. De mobília, tinha só uma mesa e um banco.

−Mas, rabino, onde está a sua mobília? − pergunta o americano.

− E a sua, onde é que está? − ecoou o rabino. −A minha? Mas eu estou apenas de passagem; sou um visitante na cidade − responde o americano.

−Pois eu também estou só de passagem − concluiu o Rabino.

Décima história

Um menino pequeno estava se esforçando para mover um pesado armário, mas o móvel não cedia. Ele empurrava e puxava com toda sua força, mas não conseguia movê-lo nenhum centímetro. O pai, que ali chegava, parou para observar os esforços vãos do filho. Finalmente perguntou:

−Filho, está usando toda a sua força?

−Sim, estou! −gritou o garoto, exasperado.

− Não, disse calmamente o pai, você não está. Você não me pediu para ajudá-lo!

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